Christian Zini Amorim aponta que o leilão judicial de imóveis rurais tem se consolidado como uma oportunidade atrativa para empresários e investidores do agronegócio. Porém, diferentemente dos imóveis urbanos, a aquisição de propriedades rurais em processo judicial exige uma atenção especial a aspectos jurídicos, ambientais e fundiários que, se ignorados, podem transformar o investimento em um prejuízo considerável.
Imóveis localizados na zona rural geralmente envolvem questões mais complexas, como registros antigos, falta de georreferenciamento, ocupações irregulares ou pendências ambientais. Por isso, participar de um leilão judicial nesse segmento requer mais do que interesse: é indispensável análise técnica, planejamento jurídico detalhado e conhecimento das particularidades do setor rural.
Verificação da matrícula e da regularidade fundiária
O primeiro passo antes de arrematar um imóvel rural em leilão é analisar a matrícula atualizada no cartório de registro de imóveis. É fundamental conferir se a propriedade está livre de restrições, ônus, indisponibilidades ou litígios paralelos. Em muitas situações, a matrícula está desatualizada ou não reflete o real estado do imóvel, o que pode comprometer a segurança da posse.

De acordo com Christian Zini Amorim, a matrícula é o documento que dá publicidade à situação legal do bem, mas é necessário ir além. A verificação da cadeia dominial, da existência de sobreposições e da regularidade junto ao INCRA e ao CAR (Cadastro Ambiental Rural) também é indispensável. Quando o imóvel não está corretamente regularizado nessas bases, a posse e o aproveitamento produtivo podem se tornar juridicamente frágeis ou até mesmo inviáveis.
Cuidados com a posse e ocupações de terceiros
Outro ponto crítico nos leilões de imóveis rurais é a análise da posse efetiva. Muitas vezes, o bem está ocupado por arrendatários, parceiros agrícolas, familiares do antigo proprietário ou até mesmo por terceiros em situação irregular. Mesmo com a arrematação consolidada, a desocupação pode demandar ação judicial específica, o que representa custo, demora e incerteza.
Christian Zini Amorim frisa que, diferentemente de imóveis urbanos, a desocupação de áreas rurais pode envolver longos processos judiciais e até conflitos sociais, dependendo do perfil da ocupação. É importante avaliar previamente a existência de contratos vigentes, ações possessórias em andamento e fatores como cultura local, resistência da comunidade e apoio institucional para garantir a efetivação da posse.
Licenciamento ambiental e passivos ocultos
Imóveis rurais também estão sujeitos à legislação ambiental, o que inclui exigências como Reserva Legal, Área de Preservação Permanente (APP), outorga de uso de água e licenças para exploração agropecuária. A ausência dessas autorizações ou o descumprimento de obrigações ambientais pode gerar multas, embargos ou responsabilização civil e criminal. Muitos desses passivos não são visíveis no momento da arrematação e só aparecem após o início das atividades no imóvel.
Segundo Christian Zini Amorim, o investidor deve solicitar laudos técnicos ou fazer diligências junto aos órgãos ambientais competentes para entender a real situação do imóvel. Passivos ambientais ocultos são frequentes e podem ser transferidos ao novo proprietário mesmo após a arrematação, gerando prejuízos não previstos no momento do investimento. A consulta ao histórico ambiental do imóvel é etapa imprescindível para evitar surpresas.
Como garantir segurança jurídica na arrematação rural
A segurança em um leilão judicial depende da preparação. É recomendável contar com assessoria jurídica especializada para analisar o edital do leilão, a sentença que determinou a alienação, os autos do processo e os documentos da propriedade. Também é importante simular os custos adicionais envolvidos, como impostos, taxas, registros e eventuais despesas com regularização documental ou judicial.
Christian Zini Amorim comenta que, com planejamento adequado, os leilões judiciais podem ser uma alternativa eficiente para aquisição de imóveis rurais com valores abaixo do mercado. No entanto, a pressa ou a negligência na análise jurídica e técnica pode reverter essa vantagem em prejuízo. O investimento exige estratégia, cautela, diligência e respaldo legal em cada etapa. Conhecer o imóvel, o processo e os riscos envolvidos é o que diferencia a oportunidade da armadilha.
Autor: Ayla Pavlova